Friday, February 11, 2011

Caminho Francês de Santiago de compostela - Dia 7

Dia 7: Domingo MANSILLA DE LAS MULAS – RABANAL DEL CAMINO

Hoje era dia de passar em duas cidades importantes – León e Astorga.


Saí do albergue com o pequeno almoço tomado cerca das 07:20h em direcção a León. Foram cerca de 16 quilómetros, desta vez por um trilho que também ladeava a estrada nacional, mas que tinha bem mais vegetação, pelo que era muito mais agradável de se fazer. Cruzei duas pequenas povoações e alcancei as imediações de León.


Nestas grandes cidades a atenção tem de ser redobrada, pois é mais fácil perder-mos o camiño devido à constante mutação destes pólos concentrados de civilização e de por vezes o caminho seguir por vias nem sempre óbvias.


Atravessada uma via rápida por uma ponte pedonal, o camiño, bem arranjado, seguiu por uma zona habitacional até entrar na zona mais central e histórica de León. Como era Domingo, havia muito pouco movimento, estando as ruas bastante desertas. León é uma cidade bonita, com edifícios públicos e religiosos de elevada beleza arquitectónica complementados por um bonito rio que embeleza ainda mais esta magnifica cidade.



Uma vez mais encontrei o casal de Málaga. Estes estavam a iniciar a sua jornada, pelo que os acompanhei até à saída da cidade, onde nos separámos. Eu segui durante algum tempo com outros dois ciclistas espanhóis que tinha conhecido dois dias antes. O trilho que saía da cidade era largo e de bom piso. Ascendemos cerca de cem metros até San Miguel del Camino para depois o caminho voltar a ser plano durante mais trinta quilómetros.



Aqui, e novamente sozinho, julgo ter apanhado um caminho alternativo, pois não era o que tinha no GPS nem o que estava no roadbook, contudo foi o caminho por onde indicavam as marcações que encontrei e por onde vi seguir alguns peregrinos caminhantes. Uma parte era em trilho, mas outra, cerca de dez quilómetros era em asfalto, em recta, do tipo lezíria do Ribatejo, com vários campos agrícolas a ladear a estrada.



Hospital de Órbigo foi a localidade que surgiu em seguida - pequena, com aspecto medieval mas bonita. Na zona do rio, após atravessada a ponte romana, havia um campo para disputar as justas, torneios de combates medievais de homens montados em cavalos que tentam derrubar o opositor com lanças de madeira. Teria sido um acontecimento curioso de acompanhar.


Seguindo em frente em direcção a Astorga, julgo que uma vez mais apanhei outro caminho que não estava no roadbook. Atravessei a localidade de San Justo de la Vega, apanhei um trilho monte acima, com muita pedra a requerer alguma técnica. Apesar da dificuldade da subida, o esforço era gratificante depois que tantas dezenas de quilómetros em terreno plano. No topo da colina, no meio do nada, estava um tipo de Barcelona que ali tinha um banca de venda, com bebidas frescas, artigos de artesanato entre outras coisas – claro que por ali se aglomeravam alguns peregrinos, sobretudo para beber uma limonada fresca.


Deste ponto até Astorga era sempre a descer, pelo que foi com rapidez que lá cheguei. Astorga também é uma cidade muito bonita, e muito bem arranjada – destaco a catedral, as igrejas, as praças e um edifício com arquitectura Gaudi. Depois de uma volta pela cidade sentei-me numa esplanada e almocei.


O conta-quilómetros marcava cerca de 70 quilómetros e eu ainda queria avançar mais um pouco no camiño, de modo a ficar mais perto da mítica “Cruz de Ferro”, o ponto mais alto do circuito a 1504 mts de altimetria. Iniciei a subida da serra, em ritmo lento, pois estava de barriga cheia. A ideia era ir até Rabanal del Camino, onde havia vários albergues, a cerca de vinte e poucos quilómetros de Astorga, subindo suavemente dos 830 mts até aos 1150 mts. Deste modo, ficavam a faltar apenas cerca de oito quilómetros até à Cruz de Ferro, trajecto esse que realizaria na manhã seguinte pela fresca.


Na localidade de Sta Catalina de Somoza reencontrei a minha amiga Veronique, que por ali estava a almoçar. Fiquei a saber que tinha pernoitado em León, e que estava muito contente por ter realizado pela primeira vez uma centena de quilómetros! Estava realmente de parabéns!


O camiño tornava-se diferente, agora com as montanhas como pano de fundo. O trilho, de muito boa qualidade, ladearia a estrada até perto do nosso destino. Lentamente, sob um calor abrasador, e já com algum cansaço, continuámos o caminho, primeiro até El Ganso e depois até Rabanal del Camino. Quando chegamos procuramos o albergue municipal, mas não nos agradou, pelo que ficamos no albergue ao lado – o “El Pilar”.


O albergue já tinha muitos peregrinos, que ocupavam um bonito pátio, que tornava o local castiço. As condições eram boas, e a hospitaleira muito simpática e prestável. Ainda houve tempo de visitar esta pequena localidade, e beber uma caña de fim de tarde.



Hoje foi um dia mais entusiasmante, com a passagem por muitas localidades e com o ressurgimento dos montes e montanhas. Por outro lado voltava a ter companhia, o que é sempre bom. Em termos físicos, a quilometragem fala por si. De negativo, apenas o comportamento de um grupo numeroso de BTTistas que desestabilizou o dormitório quando a maioria de nós já descansava!





Dados da etapa:
Distância: 95 km
Altimetria: 847 mts
Tempo de deslocação: 08:48h
Média deslocação: 12,2 km/h

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