Monday, January 24, 2011

Caminho Francês de Santiago de compostela - Dia 2

Dia 2: Terça Feira RONCESVALLES – AYEGUI

Acordámos cedo. A noite tinha sido boa. Depois de nos prepararmos fomos tomar o pequeno almoço. A saída para a etapa foi cerca das 8:30h. Hoje queríamos todos recuperar caminho, pelo que seria um dia longo.

Apanhámos imediatamente em Roncesvalles o trilho, isto é, o camiño e ainda bem que o fizemos – foi espectacular. Primeiro porque a etapa de hoje não sendo sempre a descer, era o bastante, e depois o trilho era extraordinário, por vezes fácil e veloz, outrasvezes mais técnico com muitos sigletracks, outros com muita pedra a exigir mais perícia do bttista – de tal forma que até nos esquecíamos que tínhamos alforges na bicicleta. Passámos por densas florestas, por ravinas sobre um rio, zonas de pedra onde era difícil ou impossível passar com a bicicleta sem desmontar desta, cruzamos vilas e lugarejos, na constante presença de caminhantes que com mais ou menos paciência lá se desviavam de nós e nos deixavam seguir caminho – numa palavra - inesquecível. No entanto o trajecto era quase todo circulavel.


Entretanto surgiu novo problema na bicicleta, pois perdi um dos parafusos de suporte do alforge, o que me deixou preocupado, pois levava muito peso em cima do suporte e a bicicleta estava a levar muita “pancada” nos trilhos de pedra. Ainda perguntei a uns americanos com que nos cruzámos se teriam algum parafuso sobresselente, mas o melhor que arranjei, quer dizer um caminhante espanhol me arranjou, foi atar um atilho a prender o suporte ao quadro para não ir a bater – estava revelado o espírito de ajuda dos peregrinos.





Juntaram-se a nós por alguns quilómetros um casal de Málaga, com quem tínhamos jantado a noite anterior, e com quem me iria cruzar mais vezes nos dias seguintes. Mais tarde juntou-se um rapaz espanhol que tínhamos conhecido no albergue.


Em Zubiri parámos para reabastecer de água, e eu aproveitei a existência de uma oficina para arranjar o parafuso em falta...e voilá, arranjei mesmo – menos uma preocupação. Perto de Iroz, já com 38 km, passamos por um pequeno trilho cuja largura não era condizente com a largura dos alforges, mas claro, dava para passar. Nesta altura já o José tinha tomado a estrada e ficamos de nos encontrar em Pamplona. Acabamos por seguir também pela estrada nacional, onde nos juntamos novamente ao José.


Entramos em Pamplona e demos uma volta à cidade, que é sem duvida muito bonita. Almoçamos por lá, e seguimos da parte da tarde já sem o quarto elemento, que ficou com dois amigos no albergue da cidade.




Seguimos o camiño para sair da cidade, por Cizur Menor e como estava novamente a ficar tarde para a distância que queríamos fazer, apenas apanhamos um pequeno trilho que nos levou à estrada nacional e nos desviou do trilho do Alto del Perdon (os nativos diziam que não era nada fácil passar este troço de bicicleta). Ainda andamos um pouco perdidos para encontrar o caminho certo.


Apesar de passarmos ao lado do Alto del Perdon, não nos livrámos de uma bela subida. Claro que depois de uma subida, há sempre uma descida e assim foi até Obanos. Daqui até Puente la Reina foi um salto. Acabamos por não perder muito tempo aqui, apenas uma pequena volta pela localidade, e seguimos caminho sempre pela nacional. Esta opção não se revelou a mais acertada, pois apanhámos declives bem superiores do que se tivéssemos ido pelo trilho.



O cansaço começava a apoderar-se de todos, mas pior do que isso, comecei a ter problemas no meu joelho com a minha lesão antiga a ressurgir. Lá fui aguentando. O objectivo passou a ser chegar a Estella, onde já chegámos depois das 8 da noite, um pouco tarde para o que é recomendável, como ficou provado: os albergues estavam cheios. Alternativa: avançar até ao próximo albergue e esperar que houvesse lugar. Felizmente que o próximo albergue era a apenas dois quilómetros e ainda havia muitos lugares – assim, ficamos em Ayegui.



De referir que a zona antiga de Estella me pareceu muito bonita.


O estado de espírito hoje variou muito. Da parte da manhã, com a adrenalina de descer por aqueles trilhos abaixo, o meu estado de espírito estava em alta, mas da parte da tarde o desanimo foi-se instalando com o cansaço e o ressurgimento da lesão no joelho, que me limitou muito os últimos dez quilómetros. Também me desanimou não ter seguido o trilho na parte da tarde, mas estava com receio de não conseguir chegar no dia programado a Compostela.


O Albergue era municipal, no pavilhão desportivo, de muito boas condições e o hospitaleiro, Mr. Peter era de uma simpatia extrema.


Dados da etapa:
Distância: 98,2 km
Altimetria: 1650 mts
Tempo de deslocação: 07:33h
Média deslocação: 13 km/h


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