Friday, February 11, 2011

Caminho Francês de Santiago de compostela - Dia 8

Dia 8: Segunda-Feira RABANAL DEL CAMINO - TRABADELO


Eram cerca das 07:20h da manhã quando nos fizemos à montanha. Desta vez saímos e fomos tomar o pequeno almoço na localidade seguinte, Foncebadón, a seis quilómetros de distância. Este troço, feito por estrada, era o que apresentava um declive maior. Voltando à estrada, continuámos a subir a montanha e dois quilómetros depois alcançámos a Cruz de Ferro.



Vários peregrinos por ali se juntavam, tirando as suas fotos, ou realizando o ritual de ofertar a Cruz com as suas “pedras”, como é tradição, assim como outras “dádivas”. Também eu tirei a minha foto, e também eu ofertei a Cruz com duas pedras, uma pequena pedra, minha, que carreguei durante o caminho e outra de uma alemã que em Burgos me pediu esse favor. Tentei também deixar as “pedras” da minha vida e do meu camiño – não sei se fui bem sucedido!


Começámos a descer. Inicialmente fui pelo trilho, mas como era muito estreito, e havia muitos peregrinos, avançava muito devagar já que tinha de parar muitas vezes. Decidi, então, voltar à estrada e juntar-me novamente à Veronique. Com declives superiores a 10%, a descida fez-se a grande velocidade. Por nós passaram os dois companheiros espanhóis com quem tinha estado ontem. Passamos por El Acebo, e depois por Riego de Ambrós e finalmente chegamos à bonita localidade de Molinaseca, onde parámos um pouco. Estávamos praticamente no sopé da montanha, e eu iria novamente apanhar o camiño – combinei encontrar-me com a Veronique em Ponferrada a oito quilómetros dali.



Daqui até Ponferrada o caminho não apresentava dificuldades de maior, nem tinha motivos de interesse pelo que em cerca de trinta minutos cheguei a Ponferrada. Esta cidade é digna de ser visitada, com o seu bonito castelo, as suas praças e igrejas. Aproveitei para fazer um pouco de geocaching e conhecer um pouco da cidade. Foi no meio desta actividade que reencontrei a Veronique. Terminado o turismo, voltámos ao caminho, mas não por muito tempo, pois seis quilómetros depois, em Camponaraya, fizemos nova paragem, desta vez para almoçar.


O calor voltava a manifestar-se com força, e ainda só tínhamos realizado metade da etapa de hoje. O meu objectivo era chegar a Vega de Valcarce, no sopé da montanha do Cebreiro, a montanha mais difícil de todo o trajecto.


Passámos a Cacabelos e cruzamos um bonito rio em Pieros. As pequenas subidas que nos iam surgindo transformavam-se em grandes dificuldades devido ao muito calor que se sentia. Esta parte do percurso era comum com a estrada nacional. Só um pouco depois de Pieros é que o camiño se separava da estrada. Uma vez mais, eu tomei o caminho e a Veronique a estrada e seguimos separados até à localidade seguinte. Por esta altura do dia já se vêem poucos peregrinos e o caminho torna-se mais deserto. O trilho seguia subindo um pequeno monte para depois voltar a descer em direcção a Villafranca del Birzo.


Esta pequena localidade surpreendeu pelas muitas e bonitas igrejas. Quando eu cheguei já a Veronique estava à minha espera. Seguimos caminho, deixando esta localidade para trás. Íamos agora novamente em estrada, cuja direcção nos levava à estrada nacional. Aí, apanhamos uma ciclovia que ladeava de um lado a estrada nacional e do outro o rio Valcarce. Felizmente as margens do rio são muito arborizadas, o que para além do fresco da sombra, tornava o caminho muito agradável. Passamos a Pereje e a cerca de um quilómetro de Trabadelo a Veronique verificou que tinha o pneu a esvaziar.


Acabamos por ir a pé até à vila, e decidimos ficar por ali, pelo que arranjámos alojamento e só depois trocámos a câmara de ar do pneu. A minha ideia de ir até Vega de Valcarce, a menos de dez quilómetros de Trabadelo, ficava pelo caminho. Mas não insisti para avançarmos por parecer-me que a Veronique já vinha esgotada, e eu também me sentia moído, pois o dia tinha estado muito quente.


O albergue não era mau. Nós ficamos num quarto na “cave” cujo acesso era pelo terraço. Os sanitário eram no piso de cima, e para aceder tínhamos de ir pela rua, por umas escadas até à entrada principal do albergue. Mas tinha todas as condições.


Dia positivo. Passamos por um dos pontos mais difíceis do camiño – o mítico alto da Cruz de Ferro, e avançamos o suficiente para voltarmos a encarar a próxima montanha logo pela manhã, como fizemos hoje. Era tempo de descansar. Infelizmente, um dos peregrinos caminhantes estava bastante alcoolizado, pelo que parte da noite passei a tentar que ele dormisse – enfim, coisas da vida.


Dados da etapa:
Distância: 71,3 km
Altimetria: 868 mts
Tempo de deslocação: 05:57h
Média deslocação: 12 km/h

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