Thursday, June 25, 2009

Semana de Cicloturismo - Capitulo 4 Casal do Zôte - Alvados (serra de Aires e Candeeiros) 13.05.2009

Dia 4 (13.05.2009). Casal do Zote - Alvados 77,1 km


Quarta-feira. Dia a amanhecer com pouca nebulosidade mas ainda com temperatura fresca. Hoje o ponto alto do dia era a passagem por Fátima. O trajecto levava-me em direcção a Ourém pela N356. O tom verde continuaria a dominar a paisagem, se bem que a certa altura já se começavam a ver mais casas a salpicar as margens das estradas. O transito ia aumentando à medida que me aproximava de Ourém. Á chegada à cidade percorri a avenida principal, e desloquei-me para a zona antiga. Aproveitei para descansar um pouco num banco de jardim, com vista para o castelo. Gostaria de ter visitado este monumento, mas considerando o esforço e o tempo que iria dispender, deixei para outra altura.


Com a chuva a aparecer momentaneamente, segui para Fátima. A orientação do GPS levou-me a fazer um “corta mato” através de uma “estrada” de terra, na qual me cruzei com alguns peregrinos que regressavam das comemorações do 13 de Maio. Este corta mato era uma subida acentuada, e seria o primeiro sacrifício do dia. Terminada a subida estava em Fátima, e entrando pelas ruas da cidade ainda era notória uma grande concentração de pessoas, assim como muitos autocarros estacionados.



Segui em direcção do santuário. Passei por um parque de estacionamento repleto de automóveis, depois um jardim onde haviam tendas de campanha montadas, provavelmente para dar apoio aos peregrinos. Contornando o jardim, entrei dentro do recinto do santuário, a pé, com a bicicleta a meu lado. De imediato fui informado que não poderia andar lá dentro com a bicicleta, pelo que tirei umas fotografias e voltei a sair. O recinto não estava cheio apesar de ainda haver muita gente. O ponto forte das comemorações já havia passado e muita gente já tinha regressado a casa. Continuei a contornar o santuário para o lado da nova igreja para ter outra perspectiva do recinto e poder tirar mais umas fotografias.


Deixei Fátima para trás tomando a estrada em direcção à serra de Aires e Candeeiros, que se não estou enganado é o final do caminho de Fátima para quem vêm do Sul. De novo o sossego era Rei. A paisagem começava de novo a mudar e entre subidas e descidas os quilómetros iam-se acumulando. Confesso que fiquei surpreendido com a facilidade do percurso, pois esperava que a serra fosse mais dura. A descida a Mira D’Aire dava-me uma excelente panorâmica de grande parte deste planalto. Dentro da vila tomei o caminho para Norte e ao fim de poucos quilómetros apareceu a indicação de Alvados.



Como ainda era cedo, aproveitei para fazer um pouco mais de geocaching, tendo encontrado um lago com parque de merendas muito bem arranjado. Terminada esta actividade, foi tempo de ir descansar para a Pousada da Juventude. À chegada, fiquei a saber que era o único hospede. Valeu que as duas Lilianas da recepção eram bem simpáticas! Foi da maneira que me senti excêntrico uma vez na vida...uma unidade hoteleira só para mim!!



Dados da etapa:

Distância: 77,1 km


Tempo a pedalar: 05:26h

Tempo parado: 02:16h


Média a pedalar: 14,2 km/h

Média geral: 10,0 km/h


Altimetria: 892 metros






Tuesday, June 16, 2009

Semana de Cicloturismo - Capitulo 3 Casal do Zôte (Ferreira do Zêzere) 12.05.2009

Dia 3 (12.05.2009). Visita a Dornes e Ferreira do Zêzere 45,1 km

Terça-feira. Este dia tinha sido pensado como dia de descanso porque não iria fazer muitos quilómetros. A ideia era visitar Dornes, o lago azul e Ferreira do Zêzere. Como tal só peguei na bicicleta depois do almoço (um almoço a sério) e sem o peso das malas, notava-se a diferença na condução. Tomei o caminho de Dornes e entre sobes e desces (a maioria era desces) fui ao encontro da albufeira da barragem de Castelo de Bode. Serpenteando os braços de água lá avistei Dornes. Devo dizer que toda a paisagem envolvente, albufeira, floresta, aldeias, é realmente arrebatadora.


Em Dornes visitei a torre pentagonal, também legado dos Templários. Depois fui visitar a capela de São Pedro de Castro, onde tinha uma referência do geocaching. Sempre junto à água da albufeira, andando ora para cima ora para baixo, dirigi-me ao lago azul, que nesta dia a prometer chuva não tinha quase ninguém. Local bonito e decerto uma boa alternativa para umas férias de verão.



Daqui dirigi-me para Ferreira do Zêzere. Este trajecto foi todo a subir, com inclinações consideráveis e que dava para cansar. A cidade de Ferreira do Zêzere não tem muito para se ver pelo que não investi muito tempo a visitá-la. Era hora de voltar à pousada e ao descanso. Este dia acabou por ser cansativo, pois fiz idêntica altimetria que no dia anterior, mas em metade dos quilómetros. Valeu o turismo.


Dados da etapa:
Distância: 45,1 km

Tempo a pedalar: 03:22h
Tempo parado: 0:58h

Média a pedalar: 13,4 km/h
Média geral: 10,4 km/h

Altimetria: 990 metros

Sunday, June 14, 2009

Semana de Cicloturismo - Capitulo 2 Santarém-Casal do Zôte 11.05.2009

Dia 2 (11.05.2009). Santarém -Casal do Zote 94,8 km


Segunda-feira. Acordei um pouco mais tarde do que tinha programado e já metade da família tinha saído para o trabalho. No entanto, aproveitei a companhia da minha Madrinha e da minha Afilhada ao pequeno almoço para pormos o resto da conversa em dia. Nesta altura chovia à séria e era-me aconselhado não partir – “não pode ser, as coisas já estão programadas” respondi sem grande convicção. Lá me preparei para a chuva, apesar de que na hora de sair, já não estar a chover, e o sol ter aparecido por detrás de umas abertas. Feitas as despedidas, voltemos à viagem.



Com as Fontainhas para trás, tomei a direcção do hospital de Santarém. A subida à cidade, assim sem aquecer, foi feita a ritmo lento. Ao chegar à zona antiga da cidade, eis que a chuva voltou, e toca de voltar a vestir o impermeável, entretanto retirado devido ao calor gerado na subida. Fiz um desvio à rota traçada para ir visitar as “portas do sol”, local muito bonito de Santarém e um dos seus exlibris turísticos. No entanto continuava fechado, em obras, que eu saiba desde Dezembro!


A chuva uma vez mais parara. Voltei a apanhar a rota, e dirigi-me à ribeira de Santarém, onde passaria a linha do comboio para o lado do Rio e daí seguiria pela lezíria até à Golegã. Esta parte do percurso, praticamente plana, permitia uma boa velocidade. Por aqui poucos carros circulavam e o silencio imperava. A paisagem estendia-se por muitos quilómetros de campos agrícolas. O meu amigo GPS resolveu então pregar-me uma partida. Encaminhou-me para uma “estrada sem pavimento” na qual eu entrei e só não me arrependi porque se passava por uma área mais florestada. Ainda assim, fiquei todo sujo de lama, e no final fui dar à mesma estrada em que seguia antes do desvio!

Continuei pela lezíria tendo passado ao lado da terra mais conhecida quando há cheias no Tejo – Reguengo do Alviela. Cruzei a vila de Pombalinho, onde, como noutras terras por estas bandas, ainda é possível ver as gentes locais a circular em pasteleiras, esse ícone da industria ciclística. Para além de aldeias e vilas, hoje iria passar por três cidades de referência, Golegã, Entroncamento e Tomar, e em todas elas tinha geocaching para fazer e monumentos para ver.


Chegada à Golegã. Assim que se entra na localidade deparamo-nos com o monumento mais marcante da cidade – a casa estúdio Carlos Relvas. Edificada no final do século XIX tem uma arquitectura muito bonita e merece ser visitada. A sua função era e continua a ser um “templo de fotografia”. Para meu azar, a dita encontrava-se fechada. Visitei então a zona antiga onde tomei um lanche pois o estômago já reclamava.


Pausa feita, lanche tomado e de novo a caminho. Da Golegã ao Entroncamento é um saltinho. E foi neste pequeno trajecto que apanhei a maior carga de chuva de todo o circuito. É impressionante a massa de água que apanhamos quando passa um camião em sentido contrário – é de arrepiar, e já agora de fechar os olhos também. Como diria La Palisse “quem anda à chuva, molha-se” e assim foi. Mas tudo faz parte da experiência.

Chegado ao Entroncamento, o grande centro ferroviário nacional, dirigi-me à descoberta de uma “caixa” do geocaching. Isto levou-me a visitar mais um monumento, neste caso uma locomotiva muito bem conservada. Tiradas umas fotos, tomado o almoço, havia que continuar a viagem.



A lezíria tinha ficado para trás e o caminho para Tomar mostrava-se já um pouco irregular – a paisagem tinha mudado. Circulando quase sempre por estradas secundárias, o trajecto foi feito tranquilamente. A aproximação à cidade, por uma estrada envolta de arvores, a descer, com vista para o castelo, foi fantástica. Pior foi saber, quando cheguei lá em baixo (à mata nacional dos sete montes), que me teria poupado subir para o castelo, caso tivesse tomado outra estrada. Bom, nada a fazer...colocada a mudança da avozinha, subi ao alto para visitar o castelo e o convento de Cristo.



Haviam por ali outros turistas, entre nacionais e estrangeiros, que se deliciavam com estes monumentos. O convento é mesmo considerado património mundial e é a referência maior da influência dos Templários no nosso país. Descendo novamente à cidade de Tomar, fiz uma breve passagem pelo centro histórico antes de fazer uma visita ao rio Nabão. Esta é sem duvida uma cidade muito bonita.


Já a caminho do meu destino final, apanhei uma via rápida onde os automóveis passavam a velocidades elevadas, e pior do que isso, onde apanhei a minha primeira subida digna desse nome. Foi difícil esta, mas eu já esperava que nesta região do país o terreno fosse mais acidentado. Saindo da via rápida, entrava novamente em estradas menos movimentadas e para minha satisfação, eram estradas envoltas por floresta. O ar, o som, os aromas...tudo ali era diferente, sabia melhor. E foi com um sentimento de gratificação que percorri os restantes quilómetros até ao centro de férias do SBSI, onde ficaria hospedado duas noites.


Dados da etapa:

Distância: 94,8 km


Tempo a pedalar: 05:46h

Tempo parado: 01:47h


Média a pedalar: 16,4 km/h

Média geral: 12,5 km/h


Altimetria: 941 metros


Monday, June 8, 2009

Semana de Cicloturismo - Capitulo 1 Bobadela-Santarém 10.05.2009

Dia 1 (10.05.2009). Bobadela -Santarém 92 km

Domingo. Ao contrário das minhas expectativas, a semana começava chuvosa. Enfim, o que tem de ser, tem de ser, lá pensei. Peguei na bicicleta pela primeira vez com ela carregada e lá parti da Bobadela, o km zero.

Tinha combinado às 09:30h com o Fitas e o Centenário em Sacavém e já estava atrasado. Eles iam fazer o seu passeio domingueiro, e acompanhavam-me em parte do percurso. No entanto, só apareceu o Fitas, pois o Centenário teve um compromisso de última hora e não pôde vir. Os primeiros quilómetros pela nacional 10 pareceram-me a bom ritmo, íamos distraídos na conversa e a chuva tinha deixado de cair. Cruzámo-nos com vários ciclistas que aproveitam o Domingo e o facto de haver pouco transito para circularem na Nacional 10 (no outros dias é quase impossível). À chegada à Castanheira do Ribatejo, despedi-me do Fitas. Daqui para a frente seguiríamos caminhos diferentes. Daqui para a frente seguiria sozinho. Ficaram os desejos da praxe de boa viagem, que tudo corresse bem – e iria correr.


Uma paragem no Carregado para um pequeno lanche, e de novo de volta à estrada a caminho de Azambuja. Passar por grupos de peregrinos cortava a monotonia do dia cinzento, e havia vários grupos na estrada com os seus carros de apoio. Ao chegar à Azambuja, segui pela estrada da lezíria, por ser uma estrada menos movimentada que a estrada nacional. Tentei sempre durante o circuito optar por este tipo de estradas menos movimentadas, por serem mais seguras e por permitirem um andamento mais descontraído. Uma placa a indicar a existência de uma praia fluvial levou-me a fazer um pequeno desvio. Vista a “praia”, tiradas mais umas fotos, voltei à rota.


Para adicionar algo mais a esta viagem, para além do escape, do turismo, do lazer e do prazer, resolvi fazer também geocaching (www.geocaching.com). Gravei a localização de umas caixas no GPS, complementei essa informação com as necessários instruções e lancei-me atrás dos “tesouros” (esta actividade faz-nos descobrir verdadeiros tesouros turísticos). A primeira caixa implicava fazer um desvio da rota para fazer uma visita a uma aldeia típica da região. A aldeia da Palhota onde habitavam e habitam pessoas que vivem da actividade piscatória do rio Tejo sendo vulgarmente conhecidos como Avieiros.


Realizada a visita à aldeia, e não encontrada a caixa, pus-me novamente a caminho de Santarém. Um pouco mais à frente poderia procurar outra caixa que estava “escondida” na ponte Rainha D. Amélia. Antes passava pela aldeia de Valada, que faz parte do caminho de Fátima. A ponte era logo a seguir e desta vez encontrei a caixa e o tesouro turístico que é esta ponte, de certo uma referencia da engenharia da época, projectada pelo sr. Eiffel, o tal que também projectou uma torre em Paris. Entretanto era hora de almoço.



Voltando à estrada, passei ao Vale de Santarém e dirigi-me à Póvoa da Isenta, pois o final da etapa era nas Fontainhas, uma aldeia periférica de Santarém, onde ficaria alojado na casa da família da minha madrinha. Para chegar à Póvoa da Isenta o GPS (através do cálculo de rota para bicicletas) “mandou-me” por “estradas sem pavimento” o que me deixou um pouco preocupado, pois não sabia até que ponto o meus pneus aguentariam este tipo de piso. Passei por esta situação umas poucas de vezes durante todo o circuito, e felizmente não tive nenhum furo. O resto do caminho, já em estrada alcatroada, decorreu tranquilamente. Ao km 92 dei por terminado o meu primeiro dia de cicloturismo. Esta etapa era bastante acessivel com baixo acumulado de altimetria e por sorte não apanhei os ventos dominantes, que normalmente sopram de Norte. O resto do dia foi passado em familia.

Dados da etapa:
Distância: 92 km

Tempo a pedalar: 05:24h
Tempo parado: 01:41h

Média a pedalar: 17 km/h
Média geral: 12,9 km/h

Altimetria: 554 metros

Semana de Cicloturismo - Prólogo - Preparação


Viajar é uma coisa fantástica, tem sempre algo de desconhecido, algo de novo, de aventura, e é ainda melhor se nos encontramos de férias. Existem as mais diversas razões para se fazer uma viagem, pode ser por descanso, lazer, turismo, visitar família, amigos ou somente por escape, entre outras muitas razões. Para mim, foi mais como escape a que aliei algumas das outras razões.



Desde a algum tempo que ansiava fazer uma viagem de cicloturismo, como via algumas vezes alguns indivíduos fazer, por essas estradas fora, bicicletas carregadas e ar desleixado mas tranquilo. Este tipo de férias seria de facto aliar o imenso gosto que tenho de viajar, com o gosto que tenho de andar de bicicleta, e por isso fazia todo o sentido.



Após alguns adiamentos, este ano não deixei fugir a oportunidade de me lançar nesta aventura. Já por muitas vezes programara circuitos, em especial pelo Alentejo onde tenho mais família, mas não chegava a passar do sonho à realidade. Também admito que ler o blogue (http://www.nuno-ontheroad.blogspot.com/) do Nuno Pedrosa gerou em mim um entusiasmo ainda maior, e determinação para avançar. (de referir que a minha viagem nada tem a ver com a dele! A não ser por ser uma viagem de bicicleta)




Assim, comecei por escolher a semana em que iria fazer estas férias, tendo em conta o meu calendário profissional (eu sou o meu único patrocinador) e também a data da maratona de Portalegre. O mês escolhido foi Maio, visto que meteorologicamente é um mês mais ameno e a possibilidade de chover não é grande. Aproveitava ainda todo o treino que vinha a fazer com vista à maratona, e com alguns ajustes, garantia a forma física necessária ao esforço de uma semana a pedalar.



Tratei de desafiar os amigos Canários e outros aficionados das bike’s a acompanharem-me, mas infelizmente não houve ninguém com disponibilidade para ir comigo. Como tal, acabei por ir sozinho – na altura pensei “se tiver de ser, que assim seja!”



Idealizei um circuito diferente daqueles que já tinha imaginado anteriormente, um circuito que conjugasse os locais onde iria estar alojado e as distância a fazer – decidi-me pelo centro do país. Assim, a maioria dos alojamentos escolhidos foram Pousadas da Juventude que achei ideal para este tipo de turismo com um baixo custo. E limitei as distâncias percorridas por dia de modo a não fazer mais de 100 km. Devo dizer que no final achei esta programação muito bem feita e equilibrada.


Na semana anterior à viagem fiz uma boa revisão à bicicleta. Coloquei um pneu semi-slick atrás e um slick à frente e montei o suporte do alforge (suporte especifico para bicicletas com travão de disco). Claro que como bom português que sou, algumas coisas foram feitas à última da hora. Por exemplo, o suporte e o alforge só chegou à loja no Sábado anterior à saída e a preparação da bicicleta só terminou às 2h da manhã do dia de saída. Ainda assim, acho que correu bem!



Para além das roupas normais (não levei muita coisa), levei uma muda de roupa de ciclista, detergente, levei medicamentos e coisas de higiene pessoal, e algumas ferramentas, sobresselentes e cadeados. Levei ainda o GPS, telemóvel, máquina fotográfica e respectivos carregadores. Como malas, tinha o alforge atrás (54 litros de capacidade), levei à frente uma mala tipo lancheira onde levava a alimentação, e a mochila camelback às costas. O peso final não o cheguei a saber mas também o que é que isso interessava?



Estava pronto a começar as férias.