Saturday, October 24, 2009

Gula: O pecado mortal?

Caros leitores, neste post gostaria de abordar uma questão ecologica poucas vezes discutida, mas que é de importancia elevada para o ambiente: a nossa alimentação!

Vou transcrever um texto do site "www.receitasvegetarianas.com" onde o assunto é esmiuçado.

"Porquê ser vegetariano?

Entre outras razões para adotarmos uma dieta vegetariana destacam-se as seguintes: anatômicas e fisiológicas, higiênicas, de saúdes, econômicas, estéticas, ecológicas, éticas, espirituais e religiosas. Vamos listar aqui as mais comuns.

Ambiental e Econômica

Utilizar menos recursos naturais para a obtenção de alimentos.

Certamente esse aspecto é muito esquecido pela maioria dos ecologistas e da população, talvez por ser escondido pelas grandes empresas produtoras de carne e pelo interesse econômico do governo. Em 7 anos, dobrou a produção mundial de carne: são 2500 milhões de toneladas anuais. Na Amazônia, segundo estudo do Centro para Pesquisas Florestais Internacionais (Cifor, na sigla em inglês)existia em 2002 57,4 milhões de cabeças de gado contra 22 milhões de habitantes, ou seja, muito mais gado do que pessoas. De acordo com o Cifor, para cada hectare destinado à agricultura na Amazônia, existem hoje seis hectares de pastagens para o gado. Temos hoje inúmeros dados que provam os grandes impactos, muitas vezes irreversíveis, que o consumo de carne implica. A pecuária foi o principal fator responsável pelo desmatamento da mata atlântica, da caatinga, do cerrado e agora da Amazônia. O desmatamento da Amazônia por queimadas gera 2 milhões de toneladas anuais de CO2 , o que corresponde a 2/3 das emissões brasileiras de gases poluentes. Mesmo assim, no Brasil, vê-se aumento na exportação de carne. Isso ocorre por ser mais barato produzi-la aqui, justamente pelos danos ambientais não serem interiorizados no preço da carne exportada. Ou seja: com a pecuária, retiram-se muito mais recursos do país do que se recompõe (fonte: João M. Filho – Instituto Peabiru, Belém).

Para se ter uma idéia, a indústria de carne é uma das maiores responsáveis pela poluição da água, pois, apenas para se ter um exemplo, um porco excreta de 7 a 8 vezes mais que um ser humano por dia. Uma criação de porcos média produz tantos excrementos quanto uma cidade com 12 mil habitantes. Esses excrementos vão parar em açudes ou em alguns esterqueiros muito mal planejados. Além disso, a pecuária é uma das maiores consumidoras de água. São necessários 35 litros de água por dia para sustentar um boi e de 90 litros por dia para sustentar uma vaca leiteira (dados da FAO – Food and Agriculture Organization). Para se produzir 1 kg de carne, precisa-se de 15 mil litros de água; no entanto, para se produzir 1 kg de cereal, precisa-se de 1,3 mil litros de água. É uma diferença gritante para um mundo que está sofrendo com vários problemas relacionados à falta de água. A produção de um único hambúrguer consome uma quantidade de água suficiente para 17 banhos de chuveiro. Além disso, a produção industrial de animais é responsável pela infiltração de medicamentos e hormônios nos lençóis freáticos (fonte: Natürlich Vegetarisch e EarthSave Magazine - Primavera 2000).

Na questão da terra, temos cerca de 80% das áreas cultiváveis usadas para a criação de animais. Em um hectare de terra podem ser plantados 22.500 kg de batatas, mas, na mesma área, só podem ser produzidos 185 kg de carne bovina (dados da FAO). Num país onde a maior parte da população é miserável e passa fome, a maior parte dos alimentos produzidos é destinado para sustentar o luxo da carne, sendo que a carne alimenta somente uma pequena parcela da população, essa que certamente, se deixasse de comer carne, não iria passar fome, pois tem acesso a variedades de fontes alternativas. Além disso, com os cereais produzidos para a demanda da pecuária, poderíamos alimentar 1/3 da população mundial, que é a que passa fome. Estudos patrocinados por entidades ecológicas norte-americanas concluem que mais de 1 bilhão de pessoas poderiam alimentar-se com os grãos, sobretudo soja, destinados à alimentação do rebanho bovino norte-americano. E mais: a economia em grãos conseguida se os americanos reduzissem em apenas 10% o consumo de carne seria suficiente para alimentar o mesmo número de pessoas que, segundo os estudiosos, morre de fome no mundo a cada ano (fonte: Como Defender a Ecologia, ed Nova Cultura).

O peixe não escapa dessa. Só a indústria de atum enlatado é responsável pela morte de mais de 150 mil golfinhos por ano no Oceano Pacífico (algumas fontes alegam que são 250 mil). A compra, seja de uma lata de atum ou de qualquer outro peixe, está estimulando a matança indiscriminada de golfinhos – animais tidos como os mais inteligentes depois do homem. O problema ocorre porque os atuns e outros peixes se concentram freqüentemente sob cardumes de golfinhos, que acabam sendo apanhados pelas redes e arrastados para o fundo, onde morrem afogados. Lamentavelmente, às vezes morrem mais de cem golfinhos para que se possa pescar uma dúzia de atuns (fonte: Como Defender a Ecologia, ed Nova Cultura).

Podemos ver claramente, com esses dados, que o bife de cada dia tem um impacto ambiental assustador. As catástrofes da seca na Amazônia, o clima descontrolado no sul e do sudeste do país e a perda da biodiversidade são apenas alguns exemplos do que os grandes rebanhos causam no mundo."

Agora que leu este texto, espero ter-lhe proporcionado alguns esclarecimentos que lhe permita alargar as suas possibilidades de opções no que à escolha do tipo de alimentação diz respeito.

Por fim deixo o link de onde transcrevi o texto, onde ainda é possível tirar algumas receitas vegetarianas, e assim poder experimentar este modo de vida.

www.receitasvegetarianas.com



Deixo também um site onde o lema é "deixar de comer carne por um dia". Alterar a nossa ementa por um dia, é um bom começo e já estará a ajudar o ambiente. Dê um salto ao site.

www.supportmfm.org

Tuesday, October 13, 2009

Ambiente, desenvolvimento sustentável e alterações climáticas.

Caros leitores, hoje será alterado o objecto de assunto deste fórum, do habitual BTT e turismo, para um tema mais sério, que no fundo foi algo a que me havia proposto debruçar quando criei este blog.


A ideia aqui é expressar a minha opinião sobre o tema das alterações climáticas e das politicas que se poderiam desenvolver para combater essas mesma alterações.


Gostaria de dizer que este assunto foi inserido na minha vida e nas minhas preocupações de vida à cerca de 18/19 anos atrás quando estava a fazer o 10º ano de escolaridade na escola secundária de Fonseca Benevides – a responsável, foi uma professora de que infelizmente não recordo o nome. O interessante desta história, é que a mensagem que a professora me passou, ficou interiorizada no meu intimo, e é isso que é difícil fazer com um numero ainda significativo de pessoas, que infelizmente não querem saber ou tem interesses económicos que sobrepõem a tudo o resto.


Portanto, julgo que o primeiro passo nesta “guerra” à poluição deverá ser consciencializar todas as pessoas do que na realidade está a acontecer ao planeta. Eu aqui dividia as “pessoas” em três grandes grupos:


- as pessoas em geral, enquanto consumidoras e geradoras de poluição – especialmente porque são o grupo maioritário e cuja acção tem impacto em todo o sistema.

- os empresários, impulsionadores da criação de riqueza, mas também impulsionadores de geração de poluição, consumo energético e de matérias primas, e cuja sensibilidade para este tema é fundamental para alterar o estado actual de sustentabilidade do planeta.

- os políticos, cujo consciência para este assunto permitirá adequar politicas mais amigas do ambiente à realidade dos países, incentivar uma cultura ecológica e legislar a favor de praticas ambientais correctas.


A todos eles será pedido uma mudança de comportamento e atitude.

O maior problema aqui, é que o ser humano procura normalmente satisfazer os seus interesses pessoais e imediatos, em deterimento de interesses colectivos ou de futuro.


Portanto, diria que a educação é um dos aspectos principais, senão mesmo o mais importante, no sentido de reduzir a poluição no planeta:

Educação ambiental


Gostaria que retivesse o seguinte aspecto, e que se lembrasse dele sempre que se sentir legitimado a não pensar no ambiente:


80% dos recursos do planeta (alimentos, matérias-primas e energia) são consumidas por cerca de 20% da população mundial


Significa isto que a América do Norte, Europa e Japão e mais alguns outros, são privilegiados em relação ao resto do mundo. Caso se encontre neste lote, pense que poderia estar no outro e não ter sequer água potável para beber – o que sentiria?


Não quero com isto dizer que mudemos radicalmente o modo como vivemos, algo que seria muito difícil visto estarmos inseridos neste sistema, mas podemos, diariamente, ter acções que aos poucos vão reduzindo o nosso impacto no ambiente, sem deixarmos de fazer o que sempre fizemos. Um pequeno exemplo: pode fazer os mesmos quilómetros com o seu automóvel e ter no final diferentes consumos, situação que vai depender do regime de velocidade que vai impor ao veículo – a isto chama-se eficiência energética, o que implicará menor poluição e melhor optimização do consumo de recursos. Imagine que reduz a média de consumo do seu carro em 1 litro aos 100 km! Agora imagine que 10 milhões de pessoas também o conseguem! E agora imagine que 2 biliões de pessoas também o conseguem! Seria fantástico, não seria?


Agora promova esta ideia da eficiência nas mais diversas coisas que faz no seu dia à dia.

Exemplos: caminhar mais a pé ou andar mais de bicicleta (em detrimento do automóvel), utilizar menos o elevador (subir escadas é um bom exercício), ser racional nos consumos de água e gás (banhos curtos), electricidade (não deixar aparelhos em stand-by ou utilizar lâmpadas de baixo consumo), combustíveis (utilizar transportes públicos), fazer a separação dos seus resíduos em casa, reutilizar o que puder ser reutilizável, reduzir a quantidade de resíduos que produz, etc (há muitas páginas na Net com dicas sobre este tema). Vai ver que não custa assim tanto e estará a ajudar.


O outro aspecto que eu considero fundamental para se inverter a escalada do nível de poluição no planeta, é uma medida que ainda não ouvi nenhum politico evocar, até pelo contrário, ouço muitas vezes o contrário, e que é o seguinte:

reduzir a população mundial!


Senão vejamos, alegamos que deitamos florestas abaixo e destruímos habitats para ter mais campos agrículas, que utilizamos pesticidas para gerar mais colheitas, que consumimos mais combustíveis fosseis para gerar mais energia e fazer face à maior procura, que nos espalhamos pelo planeta e destruímos ecossistemas para promover as nossas necessidade – e isto para satisfazer fundamentalmente os tais 20% da população mundial (os maiores consumidores). Quando estes 20% passarem a ser 30 ou 40 ou 50% (o caso da Índia, Brasil e China que como potencias emergentes começam a aproximar o seu patamar de consumo ao nosso) como será? No entanto todo o ser humano tem o mesmo direito que nós, certo?


“Segundo organismos internacionais que estudam o problema, estabelecendo-se uma relação entre alimentos, energia e recursos naturais, na actualidade, os habitantes da Terra já estariam consumindo 42,5% além da capacidade de reposição da biosfera, déficit que tem aumentado cerca de 2,5% ao ano. Se todos os seres humanos passassem a consumir o que consome um europeu ou um norte-americano, seriam necessários três planetas como o nosso!”

Fonte: www.miniweb.com.br


Para mim, a grande solução para atingir um equilíbrio no planeta seria começar a estabilizar ou a diminuir a população mundial (entre 6 a 7 biliões actualmente), e aí teria de haver um compromisso de todas as nações.


Sei que o assunto é polémico, mas deveria ser pensado.


Esta solução permitiria manter as grandes florestas intactas, permitiria a regeneração de muitas que já destruímos, restabelecer a biodiversidade e os habitats naturais para a sobrevivências dos outros animais – que também precisam dos recursos do planeta. Por outro lado, daria melhores condições de vida a 100% da população humana (milhares de crianças morrem de subnutrição, não chegando à idade de adolescência) e decerto que com as soluções técnicas existentes hoje em dia, e as que virão no futuro, poderíamos viver no planeta de forma harmoniosa e de sustentabilidade.


Não subcrevo uma atitude radical sobre este tema, do ponto de vista de restringir as liberdades individuais como uma medida prioritária, até porque existêm outras medidas, tais como o planeamento familiar ou a erradicação da pobreza como exemplos.


Infelizmente, a maioria dos governos ainda incentiva o aumento da natalidade, por razões fundamentalmente económicas! E assim, espera-se um aumento exponencial da população mundial nas próximas décadas!


“A população mundial chegará a mais de 9,2 bilhões de habitantes em 2050, segundo um relatório divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas).”


Portanto, ao contrário do que os políticos apregoam, isto não é um desenvolvimento sustentável e não nos vai conduzir a bons resultados.


Reconheço que outras soluções estão a ser tentadas e a ser implementadas (energias renováveis, economia do CO2, eliminação dos CFC dos Ar Condicionados, incentivo à reciclagem, entre muitos outros), mas são soluções que não chegam para travar a velocidade de degradação que o planeta já atingiu.


E julgo que se não formos Nós a fazê-lo, a natureza fá-lo-á por Nós...


Por fim, gostaria de vos propor o visionamento do seguinte filme, um documentário excelente sobre o tema aqui retratado, que apesar de ter 1:30h de duração, será tempo e energia bem empregue.


http://www.youtube.com/watch?v=jqxENMKaeCU


Wednesday, August 5, 2009

Aventura Marroquina - Março 2008

Sábado 15 de Março de 2008 – o grande dia tinha chegado, a aventura ia começar.


Tinha andado a semana toda em preparativos, sendo que a arrumação final da bagagem tinha ficado para o dia anterior. A caixa com a bicicleta e algumas mochilas pesava cerca de 26 kg, o que me deixava preocupado com o excesso de peso. Acordei de madrugada e fui para o aeroporto. No check in correu tudo bem, e não paguei mais pelo peso extra. A viagem tinha escala em Casablanca.


Cheguei a Marrakech cerca das 14h e já se sentia algum calor. Aproveitei o Sábado e o Domingo para conhecer a cidade. No Sábado à noite chegou o meu companheiro de quarto, o Juan do País Basco. No Domingo chegaram o Gonçal da Catalunha e o Angel de Valência. Realizamos o Briefing com o organizador, também com o nome de Juan, no Domingo ao final da tarde. Fomos jantar e já nos deitamos tarde.


No dia seguinte acordamos às 4:30h para montarmos tudo no Jipe. Às 3:30h tinham chegado a Pilar e seu marido Roberto, devido a atraso de 3h no seu voo. Já não dormiram. Iniciamos uma viagem em direcção a Beni-mellal de cerca de 7 horas. Depois de realizado o abastecimento de água para toda a semana, paramos perto de uma aldeia chamada Tizi n’lsly onde montamos as Bikes e iniciamos a grande travessia do Atlas.



Dia 1: Eram cerca das 14h quando iniciamos. Neste primeiro dia estava previsto cerca de 51 km por asfalto, iniciados a uma altitude de 1400 mts, atingiríamos os 2 400 mts e finalizaríamos abaixo dos 2 200 mts.




Os primeiros 35 km foram tranquilos, em bom ritmo, enquanto apreciávamos a paisagem. Desde logo se notou diferença de ritmos dentro do grupo, sendo que o Roberto, o Angel e o Gonçal tinham um ritmo superior aos outros. Isso no entanto não influênciava o espirito gerado dentro do grupo que era muito bom. Estavamos todos animados, e enquanto pedalavamos, aproveitavamos para nos irmos conhecendo um pouco melhor, pois tirando o casal, ninguém se conhecia. Ao longo da etapa, iamos fazendo algumas paragem, ora para reagrupar, ora para almoçar ou tomar uma refeição leve. Com 35 km já tínhamos ganho 500 mts de altitude. Mas o grande desafio desta etapa era ganhar mais 500 mts em apenas 5 km, e assim do km 35 ao 40 foi sempre a subir. Eu subi sozinho pois tinha ficado para trás devido a problemas físicos.



Aos 2 400 mts ainda se via blocos de gelo, mas não se sentia frio devido ao esforço despendido. Sentia sim, alguma dificuldade de respirar, talvez devido à falta de hábito de pedalar a estas altitudes. Atingido o topo, restavam 10 km para o final, feitos sempre a descer. O grupo reagrupou novamente junto a um lago, e eles sim estavam com frio pois já estavam à minha espera a algum tempo. Chegamos perto das 19h a Imilchil.



A primeira etapa estava concluída.

A esta altura já me parecia que estava numa daquelas colonias de férias onde se vai aprender linguas, pois era já o terceiro dia que só ouvia falar espanhol, e pior do que isso, sempre que entrava nas conversas tinha de espanholar o meu português...sabem como é, um português a tentar falar Castelhano! Mas lá nos entendiamos.



Dia 2: No segundo dia, saímos às 8h para uma tirada de cerca de 86 km, em que nos primeiros 55 km subiríamos cerca de 500 mts de altitude para atingirmos o ponto mais alto do circuito, cerca de 2660 mts.

O dia amanheceu solarengo e limpo, e com uma temperatura óptima para um passeio de BTT.


Aproveitamos a calma da etapa para desfrutar de um publico infantil que sempre que nos via se dirigia para a berma da estrada e se deliciava com a nossa passagem, estendendo a mão para lhe tocarmos ou pedindo um "bom-bom" – já tinha sido assim no dia anterior e seria assim em todas as etapas.


Curioso as crianças andarem sempre sozinhas. São as mais velhas que tomam conta dos mais novos. As mães estão nos campos a trabalhar e os homens...estão encostados a conversarem uns com os outros!


O piso hoje começou com asfalto, mas durante uma distância curta. Depois entramos num piso de terra, mas em bom estado pelo que se rolava muito bem. Tivemos de passar várias vezes por um rio que serpenteava a montanha, situação que deu para animar o grupo e que deu para quebrar a rotina do andamento e propiciar situações para se tirar umas boas fotos.



A certa altura "encontramos" um outro grupo de BTTistas, acompanhados por outra empresa, e assim durante algum tempo formamos todos um grande pelotão. Uns quilometros à frente fizemos uma paragem num restaurante com esplanada, onde pudemos reagrupar, beber uma bebida fresca e comer uns frutos secos. Também por ali estavam uns turistas Israelitas que ficaram entusiasmados com a nossa chegada.



As aldeias ao longo do percurso, embelezavam o cenário, decorando o planalto. Alcançado o topo da etapa (2660 metros), fez-se mais uma pausa aproveitada para tirar as fotos da praxe. A profundidade do desfiladeiro era imponente, tal como toda a paisagem envolvente.



Depois iniciamos uma descida rápida de cerca de 10 km até aos 2 000 mts.

Aqui a adrenalina tomou conta dos mais afoitos, e foi vê-los a desaparecer a

uma velocidade impressionante. Os mais cautelosos ganharam uma dor de braços e pulsos, pois a descida nunca mais acabava. De seguida fizemos uma pausa para almoço numa pequena aldeia. No café, para meu espanto, estava afixado um mapa de Portugal – não questionei como foi ali parar!


O resto do trajecto contemplava um pouco mais de terra, para fazermos os últimos 15 km por asfalto até Tamtattoutch. À chegada, o GPS marcava 90 km realizados e 1 800 mts de altitude acumulada. Neste dia jantamos numa tenda com direito a música popular marroquina. Muito bom.




Dia 3: Dia de “descanso” pois a etapa era de apenas 35 km, por asfalto e praticamente sempre a descer – acabaríamos a 1 300 mts de altitude. A paisagem durante esta etapa era de uma beleza fantástica, pois a estrada seguia ao longo de um rio, por desfiladeiros enormes até à garganta de Todra, zona de interesse turístico.


O Juan teve um furo, primeira ocorrência do género até esta altura, mas hoje tínhamos tempo para tudo.




Na garganta de Todra paramos num hotel e aproveitamos para experimentar uma cerveja marroquina, coisa rara naquelas paragens (como muçulmanos, não lhes é permitido o consumo de álcool) – o que nos deu enorme prazer. Por ali haviam também tendas comerciais e muitos turistas, o que dava mais colorido ao local.



Algumas fotos, uma filmagem com câmara no capacete e lá seguimos viagem até à cidade de Tinerhir, passando a paisagem a conter palmeirais, o que já dava uma tonalidade verde no meio de tanto castanho. Chegamos a Tinerhir ao principio da tarde. O resto da tarde foi aproveitada para descansar um pouco e depois passear pelo palmeiral. Neste dia tivemos algumas situações de doença – o gonçal vomitou o almoço, eu fiquei com febre depois de jantar e o Juan tinha acabado a etapa com uma lesão no joelho.



Dia 4: 5h da manhã. Etapa de 110 km, iniciada perto dos 1 300 mts de altitude e contemplava cerca de 70 km sempre a subir até aos 2 300 mts. Depois desciamos até Nekob a cerca de 1050 mts. Eu não iniciei a etapa pois acordei ainda com febre, mas todos os outros iniciaram. Com cerca de 10 km percorridos, o Juan desistiu pois continuava com a lesão no joelho e lá subiu para dentro do carro.


Os outros iniciaram uma subida de cerca de 30 km com um frio que se sentia mesmo a subir em esforço. No final dessa subida, a Pilar sentiu-se indisposta, mas decidiu continuar. Com cerca de 40 km percorridos, e vendo que me sentia melhor, saltei para a estrada e fiz os 30 km que faltavam para concluir a ascensão da montanha.




No final da subida, a corrente do Angel partiu-se. Foi substituída e ele pode continuar. Nesta altura a Pilar desistiu e subiu para o carro de apoio – ainda assim para quem passou mal, foi um esforço fantástico. Já o Gonçal, que nem tinha tomado o pequeno almoço, lá continuou a sua demanda. Iniciamos a descida. Era cerca de 15 km de descida acentuada que ia dos 2 300 mts a menos dos 1 400 mts de altitude. Era uma descida desconfortável, muito técnica, que dava cabo dos braços e pulsos, pois tinha imensa pedra solta. Contudo a vista era soberba. E no final, estaria o almoço e um pouco de descanso.




Quando reiniciamos, apanhamos um vale de um rio, com bastantes palmeiras, e o trilho mais espectacular do circuito, pois permitia uma velocidade rápida entre sobes e desces, por entre palmeiras. Entretanto ainda haveria uma última subida de cerca de 100 mts de ganho de altitude, mas a partir daí até Nekob, era sempre a descer e o piso era bom. Mais uma vez perdi os meus companheiros e tive de esperar pelo carro de apoio para seguir o caminho certo. E assim lá concluí sozinho a etapa. A noite seria passada em Haimas (dentro de um albergue), umas tendas típicas do povo Marroquino. Após o banho, Eu apaguei com febre até à hora de jantar, mas o mais impressionante foi o Gonçal ter feito a etapa nas condições em que estava (não comeu praticamente nada durante todo o dia)!




Dia 5. 7:30h da manhã e uma surpresa. Começou a chover – ninguém queria acreditar. Raramente chove naquelas bandas. Lá nos preparámos todos para uma etapa que não parecia de dificuldade elevada, seriam cerca de 98 km iniciados um pouco acima dos 1 000 mts de altitude, iríamos até perto dos 1 200 mts e depois era sempre a perder altitude até aos 700 mts no final da etapa em Zagora.


Primeiros quilometros asfaltados, com uma pequena subida ao km 25 que deu para aquecer – a partir daqui era sempre a descer. A chuva havia parado por esta altura. O ritmo ia bom, sem ser exagerado. Depois entramos num trilho que tinha muita pedra, e assim foi durante cerca de 50 km.


Passamos pelo interior de uma aldeia, e como sempre um número significativo de miúdos veio nos ver passar. Aqui, foi a única vez que senti alguma agressividade, pois alguns deles corriam atrás das bicicletas e, com pedras na mão, pediam dinheiro de forma ameaçadora. Felizmente nada aconteceu. Um pouco mais à frente fizemos uma paragem para lancharmos.



Ao km 65 fiquei limitado do joelho esquerdo devido a uma dor que me apareceu, não podendo fazer esforços descendentes. Aguentei até à paragem para almoço ao km 75. Depois de almoço, após um pequeno descanso, resolvi tentar concluir a etapa.



Ao fim de uns quilometros entravamos no vale de Draa, passamos por dentro do palmeiral de Zagora (local muito bonito pelas milhares de palmeiras existentes) e passamos a pedalar em estrada asfaltada. O grupo esperou por mim e lá chegamos a Zagora perto das 16h, todos juntos e satisfeitos, pois o principal do circuito estava feito - sobravam 25 km para o dia a seguir. Tempo de descansar, visitar a cidade e recuperar um pouco.



Dia 6: 4:30h da manhã, e lá saímos para a estrada sem tomar o pequeno almoço, pois o objectivo era ver o nascer do sol nas dunas. Eu continuava lesionado, mas como a estrada era asfaltada e ligeiramente a descer lá conseguir ir, ainda assim a bom ritmo.



Confesso que aqueles 25 km foram difíceis de fazer, para além da lesão, por sentir o acumular do cansaço dos dias anteriores. Mas havia muita vontade de chegar e dar como concluída a nossa jornada por terras marroquinas.




Vimos o sol nascer no horizonte, divertimo-nos na dunas e tiramos mais umas fotos, estas já com sabor a saudade - tinha mesmo acabado.



Tomamos o pequeno almoço, e carregamos o carro para a viagem de regresso a Marrakech. Almoçamos em Ourzazate (Hollywood marroquina), e deslumbramo-nos com a passagem pelo Atlas, com a sua altitude, e uma paisagem deslumbrante.


Domingo De regresso a Marrakech, a manhã foi aproveitado para umas compras no Zoco e visitar mais alguns pontos turísticos. Após o almoço, foi a saída para Lisboa e o final da aventura africana.


Marrocos é um país muito interessante, de grandes contrastes, e apesar de ter conhecido muito pouco, felizmente conheci o lado menos turístico e mais autentico, o que foi muito gratificante.


O balanço final foi muito positivo. Apesar do esforço despendido e de algumas situações de saúde, foi uma semana fantástica, pois gerou-se um excelente espirito de grupo, conheci pessoas muito interessantes, e foi uma experiência que só me enriqueceu como pessoa. Um obrigado a todos eles, e também aos guias marroquinos, que foram inexcedíveis. A organização também esteve muito bem.


Agradeço também ao Pina da PINABIKE por me ter cedido a caixa para transportar a bicicleta, e pela revisão à bicicleta que mais uma vez se portou muito bem.


Agradeço especialmente aos meus Pais e irmão todo o apoio, acompanhamento e força que me deram na concretização deste “sonho” e por serem o verdadeiro pilar da minha vida.


Organização: http://www.nomadasport.com/